sábado, 11 de abril de 2009

A Paixão de Cristo e a Poesia

                                                                 

  

 

  Vejo-te ainda, Mãe, de olhar parado,
  Da Pedra e da tristeza, no teu canto,
  Comigo ao colo, morto e nu, gelado  
Embrulhado nas dobras do teu manto
                                          Miguel Torga

Eu vos crucifiquei, eu vos vendi,
Eu vos neguei mil vezes, que não três
Eu fui o que esse lado vos abri! …
Por eles (os meus pecados), meu senhor, te vejo estar
Crucificado nesse duro lenho
 Diogo Benardes

Por isso choro em mim a mágoa verdadeira
De ter nascido tarde, e só te vir achar,
Feito em marfim, metal, pedra madeira,
No cimo dum altar
José Régio

O processo
O que importa é virá-lo do avesso,
Mudar as intenções,
Interpretar,
Sofismar
Deve ser rápido e sumário.
Termos, preceitos, norma,
É tudo forma,
Matéria de processo e convenção.
Ao cabo, é o Calvário
Que é preciso atingir.
Alguém tem de subir.
Eu não quis, sou juiz.

Reinaldo Ferreira

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