terça-feira, 15 de setembro de 2009

gafes ????

Era uma vez uma senhora Dra .  Era conhecida no bairro pela nobreza do seu carácter e pela seriedade.  Na casa ao lado vivia um homem, com ar arrapazado, oriundo de Vilar de Maçada que a inquietava. Temia-o. Tinha razões para isso. Um dia, numa noite de insónia, vira-o matar o pai e a mãe. Nunca soube o que ele fez aos corpos. Nem isso lhe interessava. Concluíu mais tarde que para além de maligno era cínico.  Certo dia, à beira da piscina, ouvira-o lamentar-se da sua orfandade. Era uma encenação. Nem consigo próprio falava verdade. A sua repugnância por aquele ser aumentava em crescendo. À sua casa chegavam as vozes dos correlegionários que juntava com frequência. O magnetismo da tragédia da noite que lhe ficara gravada na memória  atraía-a para a casa ao lado. Naquela noite, mais uma vez, o sono não chegava. Ouvia vozes, apelos deseperados, gritos subitamente interrompidos. Levantou-se. Espreitou pela janela. O jardim continuava iluminado como há horas atrás. E claramente viu a 13,5m de profundidade os corpos na piscina. Não os contou. Nunca saberá quantos morreram naquela noite.

Olhou o céu, viu a lua cheia e jurou ao vento:

- daqui a dez anos já não estarás cá!  Não permitirei que sejas o coveiro da Pátria.

A senhora Dra. tem agora uma missão clara e inequívoca e desempenhá-la-à com determinação e eficácia.

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