segunda-feira, 17 de maio de 2010

É cansaço … é o estar existindo …

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...

Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.

(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)

Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...

Álvaro de Campos/Fernando Pessoa

É cansaço! Amanhã tudo recomeça. O urgente. O inadiável. O é para ontem. O processo de decisão sujeito a pressões. A decisão. A contestação. O meu cliente é mais importante que o dele. A minha carga é mais rentável, é muito densa. A dele é muito volumosa … a minha é mais pesada e ocupa menos espaço . A minha carga é regular, a dele é esporádica. Quem é mais importante?… quem controla a rentabilidade?

Enchem os voos e volta "a guerra” da definição de prioridades. O Tim não me perdoou ter considerado os instrumentos musicais da Shakira para Johannesburg prioridade absoluta… cedi ao Ignacio de Madrid e às suas razões … ganhei um melga, que não me larga do outro lado do Atlântico:

You have been very quiet lately and I have not heard back from you concerning the below.  The mobs are encircling the gates, and the gates will not hold forever, so before I have to concern myself with blood in the streets, please advise if you are able to grant my request below.  Remember, even on a Friday night, you can run, but you cannot hide!

Tem razão não me posso esconder. Amanhã lá estarei para mais uma maratona. afinal é:

É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais
.

Sem comentários: