domingo, 9 de maio de 2010

O Adamastor, O Mostrengo e o Velho do Restelo

A par da nuvem de cinzas que nos sobrevoa, e que acabou de fechar o espaço aéreo português, cá em baixo o nevoeiro avança e a tempestade não dá sinais de amainar. O Adamastor dos Lusíadas e o Mostrengo da Mensagem aliaram-se ao velho do Restelo, e aí estão, em força, impedindo o sonho, a aventura, a epopeia.

O Adamastor:
(...)
C'um tom de voz nos fala horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo
A mim e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.
(...)
Aqui espero tomar, se não me engano,
De quem me descobriu suma vingança;
E não se acabará só nisto o dano
(...)
Naufrágios, perdições de toda a sorte,

Que o menor mal de todos seja a morte.

O Mostrengo:

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
….

"Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?"



O Velho do Restelo

Que novos desastres determinas
de levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
debaixo dalgum nome proeminente?
Que promessas de reinos e de minas
d' ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?"

…..
Mísera sorte, estranha condição

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